terça-feira, 29 de junho de 2010

DICAS PARA UM ENCONTRO CONSIGO MESMO

Olá! Muitos me perguntam "como diabos você conheceu o pessoal do Nos Lemos?". Bem...digamos que o primeiro encontro foi tão, mas tão solitário, que acabei fazendo mais uma lista de dicas com exclusividade para vocês, inspirados nos fatos ocorridos Num certo sábado de 2009.

Tudo começou com o sucesso de minhas DICAS PARA SUICIDAS. Chamei tanto a atenção do público que apenas Nelson São Bento percebeu minha existência. O infeliz me convidou para participar dos encontros do Nos Lemos. E eu fui, mas não havia ninguém lá, nem mesmo o puto que me convidou. Numa situação dessas é preciso estar preparado para não pagar micos.
  
1) FINJA SER UM ESTRANGEIRO INTELECTUAL
Já que estava sozinho, pedi um capuccino com creme e uma água com sabor para passar o tempo e ganhar mais umas calorias. Fiz o pedido com sotaque francês “Garçon, porrr favor, traga lê menu”. E após ter sido atendido, agradeci em japonês “Arigatô Goisamasu”. Durante a degustação soltei expressões como “magnifique”, “mother fucker” e “mamma mia”. As pessoas dentro do Café, localizado na Casa de Cultura Mário Quintana, observavam pelos cantos dos olhos, certamente pensando: “Esse cara é estrangeiro”. Para dar o toque intelectual (e passar o tempo, na esperança de que algum nosleitor aparecesse), abri “NOVA YORK – A VIDA NA GRANDE CIDADE”, do mestre Will Eisner, publicação da Cia. das Letras, que compila 4 grafic novels sobre a vida urbana, principalmente os dramas, nas grandes cidades. Will Eisner é genial sempre. Que Deus o tenha na sua equipe de criadores e roteiristas do destino, já que ele nos deixou em 2005.
  
2) FINJA SER ÚTIL
Decidi fazer minha contribuição para o Nos Lemos, elaborando um rascunho da vindoura apresentação na Feira do Livro. Como não havia ninguém para contrapor minhas ideias, peguei o rascunho e fui para o banheiro, discutir comigo mesmo na frente do espelho. Aproveitei também para rascunhar prováveis temas para os textos do meu blog.
  
3) SEJA UM VOYER
Como o relógio andava e ninguém aparecia, comecei a observar as pessoas ao redor. No interior do café havia, num canto, o que parecia ser a reunião de um bando de homens frustrados, que por nascerem no Brasil e nunca conseguirem viver de cinema, formaram um grupinho de discussão sobre a sétima arte. No mais era um entra e sai de casais. Mas lá fora, pela janela, avistei uma linda moça de pele alva, cabelos pretos e sorriso apaixonante. Fiquei apreciando a beldade por de trás das janelas. Ela estava acompanhada por uma tia/mãe/professora/velha lésbica ou algo assim, mais um rapaz que poderia ser um namorado ou amigo gay. Coisa linda essa mulher! Não sabe o que perdeu ao deixar de me conhecer.

4) OTIMIZE SUA RELAÇÃO COM TEMPO / ESPAÇO
Como Einsten já dizia, E é igual a MC ao quadrado. Já estava parado por ali há mais de uma hora e decidi aproveitar a minha curva de tempo e espaço, pegando um cineminha, especificamente na sala Paulo Amorim. O filme era “SIMPLESMENTE FELIZ”, uma produção britânica sobre uma mulher irremediavelmente otimista. Particularmente, achei a personagem um porre, sempre sorrindo, tentando ajudar os outros a serem felizes (o Nelson São Bento se identificaria bastante com essa vadia). Preferi o instrutor de autoescola, totalmente mau humorado. Esse sim, um personagem neurótico e frustrado, condizente com a realidade dura e cruel das nossas vidas.
  
Bem pessoal, eu fico por aqui! Embora Igor Rodell (que Deus o tenha no céu, melhor dizendo, que o Tinhoso o tenha no braseiro do inferno) tenha me prevenido sobre os problemas de comunicação do grupo, não poderia deixar de ser cortês com meu amigo Nelson São Bento. Da próxima vez, tenho certeza que todos estaremos reunidos, inclusive vou propor uma reunião espírita para ver se o Igor Roddel baixa na área. 

Com todo o meu carinho,
Nestor Muriel













Enquanto espera a chegada de quem lhe deu um "bolo", 
aproveite para retocar a sua maquiagem.

domingo, 20 de junho de 2010

JÁ VAI TARDE, IGOR RODELL!

Igor Rodell is dead. Agora está no céu dos malditos, ao lado de Bela Lugosi. Igor era um homem cagalhão, com "C" maiúsculo em todos os sentidos. Nunca mostrava a sua face, nem mesmo para o espelho. Coitado...era muito feio, feio demais. Dizem que Carlito Tevez, o atacante argentino, parecia a Miss Universo quando comparado ao Tio Rodell. Bonito mesmo eram suas palavras. Ah, que inveja a minha. Ele escrevia obras primas com a facilidade de quem toma café da manhã com sucrilhos. Sua pequena obra agora deve valer uma fortuna. Por isso mesmo, eu espero encontrar algum poema dele, perdido numa gaveta lá de casa, para depois vender na internet. Bem...não me importa as circunstâncias da sua morte. Nem sei onde esse merda foi enterrado. Para mim é menos um concorrente no mundo. Igor Rodell is dead. Velho e "querido amigo", fique com as lembranças de meus abraços de urso e com minhas lágrimas de crocodilo.

Nestor Muriel



















Não. Esse não é Igor Rodell. Ele era mais feio.

segunda-feira, 15 de março de 2010

NOTA DE DESAPARECIMENTO E ENCONTROS

Superado os devaneios e medos tecnológicos, comecei a explorar esse negócio chamado blog. Como se não bastasse minha solidão real, a virtual também se manifestou. Assim, feito cachorro sem dono, comecei a seguir um monte de gente por aí, na esperança de reencontrar meu amigo Igor Rodell,  um irmão desaparecido entre letras e inspirações alheias. Fui!

domingo, 14 de março de 2010

ANÚNCIO POEMA - COMPRE AGORA - ACEITAMOS CARTÕES










KIT DO POETA MALDITO

Você que escreve.

Você que tanto cria.

Agora chegou

a sua alternativa.


Caixa de conteúdo:

tem borracha e papel

para escrever de tudo.


Mas se o manuscrito for mal,

use o brinde que acompanha:

a vigorosa e afiada lâmina

importada pelo Jamal.


A escolha é sua.

É glória nesta vida

ou morte garantida.


P.S.: Admiro a métrica, mas no fundo, quero mais é que ela se foda.



Nestor Muriel

Março/2010

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

DENÚNCIA


Denuncio meu amor a você,

pois nesse país de merda,

nada mesmo vai acontecer.

domingo, 2 de agosto de 2009

AMOR NOS TEMPOS DA GRIPE A

Como se já não bastasse a AIDS, a intolerância, a superficialidade da matéria e a milenar democracia dos hipócritas, surge essa tal de Gripe A para nos afastar ainda mais e enaltecer o olhar da desconfiança. Quer saber de uma coisa? Não estou nem aí. Ontem a puxei com força e dei um dos melhores beijos da minha vida. Ela está gripada. Se agora eu estiver contaminado, pelo menos uma vez, morrerei feliz.

3 PASSOS PARA A MORTE - Dicas essenciais de um suicida frustrado










Hoje vou abordar a questão do suicídio. Eu já tentei algumas vezes e, como você pode constatar, não atingi os objetivos propostos. Por isso mesmo, decidi tornar minha frustração em algo útil para a sociedade, reunindo os itens fundamentais para que você tenha uma boa morte.


1. MORRA NO LUGAR DOS SEUS SONHOS

Isso mesmo, não poupe dinheiro, nem cartões de crédito ou cheque especial. Você não vai pagar mesmo. Problema da sua família, que provavelmente foi responsável por uma série de suas neuroses.

Muita gente gosta de morrer no Rio de Janeiro, em Florianópolis ou nas praias nordestinas. Nas minhas tentativas, optei por Paris, mas, infelizmente, ao pular da Torre Eiffel, eu fiquei com o pé preso na estrutura de metal, o que gerou uma fratura no tornozelo e a patética cena do meu corpo dependurado. As autoridades locais me resgataram e me enviaram de volta para Porto Alegre. Estou no SPC até hoje.


2. TENHA UM BOM MOTIVO PARA MORRER

Não se mate por qualquer bobagem. Isso é um evento e merece um motivo especialmente selecionado, como um vinho de boa safra. A questão dramática é importante para você impactar seus familiares, amigos e inimigos com um profundo sentimento de culpa. Seja impiedoso e deixe uma carta xingando e apontando o dedo para todo mundo.



Em uma das vezes em que planejei o suicídio, deixei claro que o motivo foi o assédio moral da minha ex-namorada. Um dia, quando fazíamos amor de forma alucinada, uma coruja quebrou o vidro da janela e invadiu o quarto. O susto me deixou brocha e a mulher sem fôlego de tanto rir. Depois disso, todas as vezes que o sexo ia rolar, ela não conseguia conter-se e gargalhava novamente, lembrando da tragicômica situação. Ao tentar ir de encontro à morte, escrevi uma carta falando sobre isso, culpando a desgraçada.


Não morri. Acordei num hospital e lembrei que a cadeira, usada como apoio para o enforcamento, quebrou-se antes da consumação do ato. Só consegui um hematoma na testa e um puta torcicolo. A carta foi encontrada e hoje até minha mãe ri da minha cara.



3. ESCOLHA A MELHOR FORMA DE MORRER

Alguns são masoquistas e gostam de morrer com dor, outros têm medo de morrer sozinho e provocam acidentes coletivos. Qual é o tipo de morte ideal para você? Lenta ou rápida? Violenta ou carinhosa? A escolha é sua e deve estar de acordo com as vontades do seu pobre coração e, também, do tamanho da comoção que você quer provocar nas pessoas.

Eu, por exemplo, cansado de tentar mortes impactantes, decidi planejar um suicídio mais poético e sem cartas comprometedoras. Tranquei-me em casa; coloquei um vinil velho do “Ultraje a Rigor” para tocar sem parar; e separei um livro de geografia da sexta série (por falta de opção) para compor um cenário de morte intelectualizada.


Abri uma garrafa de vodka barata e bebi mais da metade, até ficar bêbado e ter a aparência de um escritor niilista. O toque final, uma arma preparada com esmero e paixão: um delicioso doce de cajá, sobre o qual acrescentei várias gotas de um poderoso veneno (o sabor estava ótimo). Logo depois, deite-me no sofá e dormi, achando que a morte chegara.

Acordei todo cagado. De tão bêbado, troquei o veneno por um purgante. Desde então, larguei de mão o suicídio e passei a ensinar essas valiosas lições.